Apoiar um amigo, amiga ou um familiar
A ajuda inicial de um amigo ou amiga ou de um familiar pode ser crucial para que a vítima de violência
doméstica fale e peça ajuda para tentar sair da situação de violência em que vive e com que tem de lidar
sozinha.
O silêncio facilita a existência e a continuação da violência. O papel do/a amigo/a ou do familiar pode ser
o início do fim da violência.
Tome atenção aos seguintes pormenores:
Se o/a seu/sua amigo/a ou familiar está...
- anormalmente bastante nervoso/a ou deprimido/a;
- cada vez mais isolado dos amigo/as e familiares;
- muito ansioso/a sobre a opinião ou comportamentos do seu/sua namorado/a ou companheiro/a;
- com marcas não justificadas e mal explicadas, por exemplo, de nódoas negras, cortes ou queimaduras;
Ou se o/a namorado/a ou companheiro/a do seu/sua amigo/a...
- desvaloriza e humilha o/a seu/sua amigo/a à sua frente e de outras pessoas;
- está sempre a dar ordens ao/à seu/sua amigo/a e decide tudo de forma autoritária;
- controla todo o dinheiro e os contactos e saídas sociais do/a seu/sua amigo/a.
Podem indicar que o/a seu/sua amigo/a pode estar a ser vítima de violência doméstica. Contacte a APAV:
116 006 ou através da
Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima ou
apav.sede@apav.pt
O que não fazer
Se o/a seu/amigo/a ou familiar está a ser vítima de violência doméstica ajude-o/a a procurar apoio (contacte
a APAV: 116 006 ou através da
Rede nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima ou
apav.sede@apav.pt),
mas NÃO FAÇA o seguinte:
- dizer à/ao seu/sua amigo/a o que fazer: a decisão é sempre da vítima;
- dizer-lhe que ficará desapontado/a se o seu/sua amigo/a não fizer o que lhe disse para fazer ou se voltar para o/a agressor/a;
- fazer comentários que possam culpabilizar a vítima por ser vítima;
- tentar fazer "mediação" entre a vítima e o/a agressor/a;
- confrontar o/a agressor/a, porque pode ser perigoso para si e também para a vítima.
Ajudar como amigo/a ou familiar uma vítima de violência doméstica não significa ter de resolver pelos
próprios meios a situação ou salvar a vítima.
Por outro lado, é importante estar consciente que deixar uma relação violenta pode ser difícil, perigoso e
demorar tempo.
Por que uma vítima se mantém numa relação violenta
Existem várias razões para uma vítima se manter numa relação violenta, mesmo que estas possam parecer estranhas para quem não é vítima:
- muitas das vítimas gays e lésbicas podem reconhecer o comportamento do/a seu/sua namorado/a ou companheiro/a como violento. Todavia, poderão conceber a violência doméstica apenas como problemática das relações hetero pelo que não se reconhecem como vítima de violência doméstica;
- recear ser discriminado/a se se assumir como vítima de violência doméstica ao procurar ajuda e apoio;
- ter esperança que a situação se vá resolver com o/a seu/sua parceiro/a e que ele/a mudará e deixará de ser violento/a;
- desejar continuar a investir neste relacionamento (dependência emocional, dificuldade em aceitar que a relação não resultou);
- não querer deixar a casa, os seus pertences, os filhos ou animais de estimação;
- temerem a reacção do/a agressor/a se abandonarem a relação;
- estarem dependentes económica ou financeiramente do/a agressor/a;
- não querer perder o estatuto social ou económico;
- sentir vergonha de que as outras pessoas saibam que é vítima de violência doméstica;
- não se sentirem com forças suficientes para enfrentar a situação de ruptura.